sábado, 8 de agosto de 2009

Senza Sospetto






Voltei para Florença no sábado, pela manhã, com meu pai. Já fazia um tempo que não viajávamos juntos, então lembramos mais uma vez de quando toda a nossa família viajava junta. Era impossível não lembrar de mamãe e de Otto quando se passava muito tempo ao lado de papai. Ele parecia já ter superado tudo aquilo há muito tempo, mas já não era mais feliz vivendo comigo. Pensei em arranjar uma mulher pra ele, uma mulher de verdade, muito melhor que mamãe. Ele merecia.


Quando chegamos a casa, Adolfo, o nosso motorista, levava nossas malas para nossos respectivos quartos, enquanto eu e papai ficamos conversando na sala de estar.


Eu não queria falar sobre minha noite com meu pai, mas eu sentia que ele devia saber.


- Pai, ontem à noite...


- Eu sei, Sartori estava no hotel, não é? Como foi a noite de vocês?


- Érh... ele conversou com o senhor?!


- É claro! Sartori me ligou enquanto você estava a caminho de Roma. Conversamos sobre isso, e bom, eu confio em Sartori, tenho certeza que ele tomou as devidas providências. Não se preocupe, uma hora iria acontecer, não é?


Ouvir aquilo de meu pai era assustador. Ele sempre foi compreensivo comigo, mas nunca imaginei que essa compreensão chegaria a tal ponto. Então, ele já sabia da novidade. Quem ainda não sabia era Giovanna. Iria ligar pra ela quando...


Interrompendo minha reflexão, Dorotta surgiu pela sala. Lembrei-me que dispensei o seu café da manhã especial.


- Oh, Vicent! Não sabe como fico angustiada quando essa casa está vazia!


- Dorotta! E você não sabe como sinto falta de seu chá de hortelã. E... ahn... receio que Elisa dispensou o seu presente de aniversário, certo? – Papai nunca dava tempo para as pessoas responderem, continuou imediatamente – Prepare outro agora! E ela vai comer como um javali!


Papai e suas comparações.


- É Dorotta. Me desculpe, você sabe que não daria tempo!




Com um sorriso no rosto e virando as costas para eles, subi as escadas – correndo, quase caindo no último degrau -, entrei em meu quarto, me joguei na cama e liguei para Giovanna.


- Alô? – Giovanna atendeu.


- Gio?


- Ah, oi Elisa – parecia distante.


- Giovanna! Eu preciso te contar! Ontem... ah Gio, foi perfeito! – Estava eufórica, o sorriso permanente em meu rosto. Eu queria contar tudo – em detalhes. Ela não me deixou continuar.


- Elisa, eu sei como deve ter sido maravilhoso. Sartori não te decepcionaria. – Giovanna sabia?


- Fiore, espere. Como você sabe?


- Coisas aconteceram ontem, Elisa. Não acho certo falar disso por telefone. Estou indo até sua casa. – e desligou.


Uma leve onda de pânico se espalhou por meu corpo. Giovanna já estava sabendo. Pensei na possibilidade de Sartori ter contado a ela, sabendo que ela é minha melhor amiga, mas essa minha melhor amiga parecia distante ao telefone, séria, quase vazia de sentimentos.


Passados os quinze minutos de tensão, a campainha tocou.


Gritei um "Eu atendo" para Dorotta e desci correndo as escadas, que terminavam a poucos metros da porta. Pelo vidro vi Giovanna desligar o celular. Abri a porta e ela me deu um abraço – não era como o abraço-de-todas-as-manhãs, mas era um abraço.


- Venha.


Guiei Giovanna para a sala de TV, onde ela se sentou no mesmo lugar onde dias atrás eu estava com Sartori. A lembrança me trouxe um sorriso no rosto. Pedi para que ela começasse.


- Bem, ontem pela manhã, assim que cheguei ao colégio, - ela começou a falar rapidamente, tropeçando nas palavras, não parecia a vontade - Sartori me puxou para conversar. Ele queria que eu o ajudasse a fazer algo especial para a noite. E a gente conversou muito, enfatizando que era sua primeira noite e tudo. Só que... – ela hesitou.


- Diga! - estava ficando ansiosa.


- Anita estava na mesa ao lado. E ouviu tudo. Inclusive que era sua primeira noite.


- Mas o qual o problema de ser minha primeira noite?


- Você sabe que do nosso ano, pouquíssimos são virgens. E bom, virou piada.


- Quer dizer que todo o Da Vinci Universitá está sabendo que eu ainda era virgem? Mas e daí! Não é motivo para tanta discussão. – relaxei. Era só Anita.


- Você não se importa com isso? – ela parecia admirada, como se não me conhecesse.


- Estou acostumada a comentarem de minha vida. Não se preocupe. Eu só pensei que seria poupada sobre esse assunto.


Comecei a imaginar os apelidos que devo ter ganho dessa vez. Santa virgem, virginiana, atrasadinha... e coisinhas assim às quais eu nunca dei bola.






Já eram seis da tarde e eu estava no ginásio – que já estava cheio -, para assistir ao jogo de Sartori. Avistei-o na quadra, falando ao celular, e com quem quer que ele estivesse falando, estavam discutindo. Desligou e começou a se aquecer. Vestia o uniforme da Seleção do Da Vinci, aquela regata preta ressaltava seus músculos, o short cinza revelava suas pernas bem torneadas. Ele estava lindo – mais uma vez.


Eu não queria incomodá-lo, fui me sentar nas arquibancadas, o mais perto possível da quadra – Sartori sempre reservava meu lugar. Depois de ontem, nossa relação estava mais entrelaçada do que nunca, mais forte, mais séria, e eu não conseguia parar de pensar no nosso futuro.


O juiz apitou, Lauro começou sacando.


Tinha uns cinco minutos de jogo quando a responsável pela publicação da minha não mais virgindade, Anita, se sentou ao meu lado. Ela só foi capaz de fazer isso porque Giovanna ainda não havia chegado, porque se ela estivesse ali, aposto como ninguém me incomodaria com esse assunto – reparei que Sartori não havia reservado o lugar de minha melhor amiga, o que ele fazia sempre também. Onde estava Giovanna, então?


Anita trazia um exemplar do Da Vinci Giornale nas mãos. Pensei que não publicassem coisas desse tipo no jornal da escola. Foi quando Anita resolveu falar.


- Sabia que agora temos uma coluna de fofocas no Giornale, atrasadinha? – ah, que ótimo. Era realmente tudo o que eu precisava agora.


- É, Anita?


- Sim, e você será o nosso tema de estréia. Vocês três na verdade.


- Pensei que tivesse cansado de nós.


- Então é mesmo um triângulo?


- Um triângulo? – agora eu tinha ficado realmente curiosa pra saber da história dela.


- Ah, então você não sabe. Então é traição. Só isso. Se tivesse me dito antes, não tinha publicado só essa história aqui, tinha melhorado com a sua reação, mas deixa pra próxima. – jogou o jornal em meu colo e saiu, rindo.


Eu não devia acreditar na história de Anita, pelo simples fato da história ser de Anita, mas as pessoas ao meu redor, depois de ouvir nossa conversa, me olhavam apreensivas. E se eu juntasse as peças...


Não, era só mais uma historinha fantasiosa de Anita. Sartori não faria isso, não depois de ontem. A não ser que...


Abri logo o jornal e procurei a tal coluna, que dizia:


"Parece que é só Elisa Cobalchinni se ausentar por um dia do Da Vinci Universitá que as coisas acontecem.


Ausente para comemorar seu aniversário de 17 anos, em Roma com seu pai e o namorado, Emmanuel Sartori, Elisa parece não saber do que anda acontecendo por aqui.


Antes de viajar para encontrar a namorada a noite, Emmanuel Sartori foi visto constantemente com a melhor amiga de Elisa, Giovanna Menghi, com quem foi visto chegando ao colégio, almoçando e saindo juntos.


Segundo uma fonte – confiável - que mora perto de Giovanna, os dois ficaram na casa dela até as cinco da tarde, quando ele foi para Roma, encontrar Elisa. O fato de ele passar a tarde na casa da melhor amiga de sua namorada fica ainda mais intrigante quando Giovanna é vista sem blusa fechando as cortinas. E depois, saindo de casa fechando os botões do mesmo artefato, para se despedir de Sartori, com um beijo muito caliente, se querem saber. Depois disso, Emmanuel Sartori sai no carro e ela procura testemunhas. Não encontra ninguém e entra em casa.


É isso ai Santa virgem, não devemos confiar em ninguém. Nem no nosso namorado, porque com melhores amigas invejosas ninguém pode prever, não é?


Beijinhos querida, Il Gossipy"




Sartori com Giovanna. Não, claro que não. Não podia ser. Eles não seriam capazes disso. Não, jamais. Anos de amizade, anos de namoro. Era só mais uma história de Anita.


Eu ainda negava em minha mente, mas a dor em meu peito revelava meu coração se rasgando em milhões de pedaços, perdidos com o tempo. A doce voz de Sartori ainda soava, perambulando em minha mente: "Andare, vista-se.". Imaginava se ele tinha dito algo parecido para Giovanna. Giovanna, minha – teoricamente – melhor amiga. As minhas mãos estavam trêmulas.


Olhei ao meu redor, procurei um apoio, ou coisa assim, mas as pessoas em quem eu mais confiava causaram isso. As pessoas que eu mais amava em todo esse mundo – talvez amasse mais que a mim mesma – me traíram. E traíram juntas, me apunhalaram juntas. É – realmente – a cara dos Cobalchinni serem traídos. O ódio e a decepção chegaram até mim e ficaram, se instalaram e não tinham previsão de sair. Me corroíam por dentro, como ácido em base. Ainda me restariam esperanças se todos ao meu redor não estivessem rindo de mim, a traída. Me apontando como se eu fosse uma aberração.


Estava sentada no banco da arquibancada, com o jornal nos pés, a boca aberta, as mãos tremendo, os olhos fixos no chão. Eu não podia ficar ali, naquela situação, a humilhação seria maior.


Peguei o jornal, me levantei e procurei Sartori na quadra. Era a sua vez de sacar, e ele olhou pra mim. Deu o famoso sorrisinho torto – que eu ainda adorava - e pensou em piscar pra mim, se meu rosto não lhe mostrasse o que havia acontecido. Ele continuava a me olhar com uma expressão nada decepcionada, nada arrependida, talvez ele ainda não tivesse entendido.


O juiz apitou.


Nesse momento, dei uma última vislumbrada em seu rosto, mostrei-lhe o jornal em minhas mãos e saí. Saímos na verdade, eu e minhas lágrimas de traição.








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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sesso.


Ia me trocar ali mesmo, mas ele não me deu esse trabalho. Esperou que eu ficasse nua e me encaixou entre as suas pernas, revelando assim, por debaixo do hobby, o seu corpo também completamente nu. Ele tinha um toque forte e firme, mas de leveza inexplicável. Tinha todo o controle, enquanto eu, desnorteada, só seguia e me moldava ao seu corpo.Emmanuel tocava os meus seios e os lambia. Lambeu também minha vagina e me revelou os prazeres do sexo oral.Não me contive, não podia ficar naquela cama como uma boneca inflável, então arranquei o seu hobby. Toquei o seu pênis e o masturbei, mas não queria que ele gozasse ali naquele momento. Como se estivéssemos retribuindo um ao outro, era a minha vez de fazer um oral enquanto ele me masturbava. E vale ressaltar, me excitava vai ainda ver a sua cara de prazer.Então subi e estreitamos os nossos corpos, um contra o outro. E sentimos que aquela era a hora.- Podemos adesso .- disse ofegante ao meu ouvido, e o seu “agora” me surpreendeu. - Seria uma ótima surpresa – e só então percebia que eu estava gemendo.Então ele pôs seu pênis, de primeira, na minha vagina, e – Dio mio – aquilo doía. Mas não prestei atenção nisso, a sensação de prazer era maior. Ficamos em um movimento disforme, entre beijos e apertos.Por fim, senti-o gozar, e só então lembrei da camisinha. Mas o prazer me dava um déficit de atenção e meus sentidos estavam todos concentrados ali, no líquido quente e no corpo de Sartori. Preferi não me preocupar, Emmanuel sabia o que fazia.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Andare.

Quando Emmanuel foi embora, os pensamentos me vieram em torrentes. Eles foram desde os mais fúteis aos mais banais. O que me parecia mais aceitável era a idéia de que, como eu sabia do respeito dele quanto a minha virgindade, ele tinha a vontade de fazer algo especial para que eu me lembrasse para sempre da primeira noite da minha vida.

Desisti de tentar adivinhar algum motivo e, antes que Giovanna me aconselhasse dizendo para que eu conversasse com ele, me convenci de que não faria isso. Tinha plena certeza de que ele me providenciaria a melhor noite, sem pressão alguma. E ele proporcionou da melhor maneira possível, é o que vou lhes contar agora.


Era sexta-feira e meu pai já devia ter chegado do congresso de Roma para o meu aniversário de 17 anos, a idade do sucesso! Mas tinha certeza que ele viria e então levantei para lavar o rosto e descer e me deliciar com o saboroso café da manhã de aniversário que Dorotta me fazia, ela dizia que era o único presente que poderia me dar.

Fui do banheiro ao quarto para trocar de roupa e notei um papel estranho entre os livros da minha estante. Abri e sorri instantaneamente ao notar a atenção imensa que meu pai tinha comigo, ele havia deixado ali a minha passagem para Roma para que eu fosse lhe encontrar lá e eu só tinha duas horas para o café da manhã, as malas, o check-in e o embarque! Corri.


Dorotta reclamou por eu ter apenas engolido sem ao menos saborear o doce libertino que me fizera. Nem a dei ouvidos, corri para o quarto e vi na porta do meu guarda-roupa um bilhete que me tirava a árdua missão de preparar as malas. Então vesti o casaco e fui para o aeroporto.


Na fila do check-in, tentei ligar para Emmanuel, mas o seu celular estava fora de área. Então não lhe avisei que estava embarcando em um avião para Roma por presente do meu pai. Durante o vôo, mal deu tempo de pensar em como eu iria lhe agradecer.


Na saída do aeroporto, um táxi já me esperava e me levou a uma loja da Dolce & Gabanna, onde havia um vale-presente em nome de Vicent Cobalchinni e um outro bilhete com a sua assinatura me convidando para almoçar no Mamma Roma. Comprei tudo que era necessário para a minha estada em Roma e saí no mesmo táxi.

Almoçamos juntos numa sessão de nostalgia onde acabamos nos lembrando de mamãe e de Otto, os tempos bons e os ruins também. E vi naquele momento o quanto me passava despercebido o amor que eu tinha pelo meu pai. Ainda com ele, fiz um city tour, onde não vi nada que já não tivesse visto, mas eu fingia que aquilo tudo era novo pois era tudo o que ele queria.


Então anoiteceu e papai me deixou no Hotel Waldorf, se despediu e foi para o hotel onde estavam os outros políticos que participavam do congresso. Entrei e me informaram na recepção haver duas reservas para Elisa Cobalchinni, umas das suítes superiores e uma outra, que disseram ser o quarto mais reservado de todo o hotel e ainda, que neste quarto haviam algumas coisas me esperando. Peguei as duas chaves e pensei nas possibilidades de outra surpresa do meu pai no quarto mais reservado.


Entrei, mas não parecia uma surpresa de pai. O clima me fez lembrar de Emmanuel, era bem propício para que ele estivesse ali, mas não poderia ser, amanhã seria o jogo tão esperado.


Na cama, flores e um baby-doll sugestivo. A música! Era ele! Não havia outra pessoa no mundo que colocaria como fundo “Something” para um momento como aquele. E como se ele estivesse me assistindo, entrou no quarto. Aquele rosto lindo e um hobby escuro. Sentou-se na cama e com uma voz grave disse:


- Andare, vista-se.

domingo, 5 de julho de 2009

Soddisfazione.



Passado o baile, todos estavam ansiosos pelo primeiro dia de aula.


Da Vinci Università seguia o eficiente modelo de ensino americano, fazendo Sartori parar em frente a minha casa às sete e meia, com seu Alfa Romeo. Estava vestindo o seu suéter bege (meu favorito), que harmonizava perfeitamente com sua calça jeans escura. Peguei meu cardigã vinho e meu óculos escuro e saí.
Chegamos na entrada do estacionamento, e logo todos nos olhavam. Pude avistar Anita e as meninas sentadas nas mesinhas do Pátio Central, enquanto nos dirigíamos para o estacionamento Oeste. Anita era quem dirigia o jornal da escola, ou seja, sempre queria saber de tudo. Tínhamos que ter cuidado para não contar segredos a ela, pois com certeza amanhã estaria estampado na capa do Da Vinci Giornale.
Me despedi de Sartori, que me deu um beijinho na testa, e fui falar com Giovanna, que estava com as meninas da ginástica artística, Érika e Bianca. As duas sempre andavam sozinhas, mas fazia parte da personalidade de Givanna falar com todos - enquanto eu não chegava, claro.
Nos conhecíamos desde a sexta série, quando ela me ajudou a fazer o Projeto de Ciências, que eu realmente não sabia fazer. Desde lá, ela é minha melhor companhia. Nossas personalidades eram opostas, ela era extrovertida e adiantada, e gostava de arranjar brigas também. Na maioria das vezes, quem a salvava era eu, ou quando ela se metia com a turma de Giorgio, Sartori.
Me aproximei do trio, e logo Giovanna veio me dar o abraço-de-todos-os-dias-de-manhã. Ela me perguntou porque Sartori - todos o chamavam pelo sobrenome, e eu me acostumei com isso - não tinha me acompanhado.
- Ele tem que falar com Inácio sobre o jogo da semana que vem.
- Tem jogo semana que vem? - Giovanna se animou rapidamente com a notícia.
- Sim, contra o Michelangelo, vai ser no nosso ginásio. Você pode ir lá para casa, se quiser.
- Claro fiore!




Depois da nossa aula de cálculo e literatura, eu e Giovanna fomos para o Pátio Sul, onde costumavam ficar os jogadores das seleções. Fui com a intenção de encontrar Sartori. Não o achei.
- Sabe onde está Sartori, Lauro?
Lauro jogava na seleção de vôlei com Sartori, e andavam muito juntos. Talvez ele soubesse.
- Não, ele comentou alguma coisa em tentar falar com Inácio novamente.
- Ah. Obrigada.
Então ele não tinha conseguido falar com Inácio mais cedo. Pensei em procurá-lo, mas desisti. Queria ficar com Giovanna.




As aulas após o almoço passaram se rastejando pelas horas. Elas pareciam não querer acabar. Quando tocou e saímos, eu pude sentir um peso sair de minhas costas.
Quando saí do prédio acompanhada de Giovanna, Sartori já estava lá, encostado no seu Alfa Romeo. Senti um bem-estar enorme em vê-lo ali.
- Olá Senhor Eu-sumo-na-hora-do-almoço. - Giovanna parecia incomodada com aquilo.
- Oi, Giovanna. - ele foi seco ao falar com ela. Depois se virou pra mim - Desculpe Elisa, Inácio não havia chegado quando fui procurá-lo hoje cedo, e eu fiquei esperando, mas ele não chegou a tempo. Fui falar com ele no horário do almoço.
- Sem problemas, amore. - Me aproximei, e ele me deu um beijinho na testa, aquele que eu tanto adorava - Vamos para casa? Estou realmente desejando o chá de hortelã que Dorotta faz. - virei para me despedir de Giovanna - Tchau fiore, amo você.
- Eu também , saiba disso. - e se afastou.
- Acho a amizade de vocês muito forte. - analisou Sartori, me puxando para si - Então Dorotta fez chá de hortelã?
- Aham. Vamos?




Chegamos a casa, tomamos o tão desejado - por ambos - chá de hortelã e assistimos pela 542ª vez Across The Universe.




- Érh, acabou. - ele disse, vindo na direção de meus lábios, e tocando-os levemente.
Na casa só havia eu, ele e Dorotta. A porta estava fechada e ela não nos incomodaria. Papai chegaria tarde hoje, tinha um congresso para ir. Porque não?
Puxei-o para cima de mim, e nos beijávamos intensamente, como se nunca mais fôssemos nos ver. Comecei a desabotoar sua camisa - o que ele fez o favor de terminar por mim, tirando depois. Ele começou a tirar minha blusa. E pude sentir o ar frio da sala em minhas costas nuas, e logo veio um arrepio. Ele pareceu gostar disso, e passou os lábios por meu pescoço. Quando procurei o botão de sua calça, ele me advertiu.
- Elisa, você não acha que já fomos longe demais por hoje?
- Não o tanto que eu queria ter ido.
- Acho melhor ficarmos aqui, nesse ponto.
- Podemos ir mais longe, sabe disso.
- Hoje não, Elisa.
E voltou a me beijar, mas dessa vez, sem tirar mais peças de roupa.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Gioia.

Era a típica festa do meio do ano, a maior de todas! Os alinos contavam os dias para o término das férias para o tão esperado dia do Baile da Renascença (a tendência de Florença era essa). Festa onde a elite do Da Vinci Universitá se destacava e ostentava seu dinheiro e sua influência no colégio. Eu estou nesta elite, mas como não estaria? Líder, popular e, talvez o mais importante, namorada de Emmanuel, o Sartori.

Falando nele, apesar do baile não ser à fantasia, todos chegavam a compará-lo com Davi de Michelangelo devido à sua riqueza, em todos os sentidos, de detalhes. Ele tinha uma beleza italiana típica e refinada, pele levemente bronzeada e cabelo acobreado, estaqueado e com um estilo perfeitamente despenteado. Alto, de músculos bem definidos e físico atlético. Feições ousadas, com olhos claros e amendoados, nariz bem desenhado, fenda no queixo e sobrancelhas arqueadas. Também era atleta, pintava, jogava xadrez, tocava piano, adorava historia, enfim!
Chegamos juntos e descemos de um Alfa Romeo conversível, possante e vermelho. A entrada tinha um tapete vermelho que contrastava com meu vestido branco brilhante. Não fazia contraste com o smoking dele, mas sim com o sorriso. Eu a La Versace e ele, Armani.
De braços dados, entramos no ginásio e, como um imã, atraímos os olhares e buchichos invejosos de todos. Fomos recepcionados por Giovanna que não era a amiga-modelo para uma miss popularidade, mas ela era a minha, a melhor de todas. E cumpria esse compromisso com louvor. O seu único defeito era a pontinha de inveja que ela tinha, não de só de mim, mas de todos os que eram influentes naquele colégio. Ela tinha tudo para também fazer parte da elite do Da Vinci, mas nunca se deu muito bem com os rapazes também populares do colégio, o que era um pré-requisito básico.
A festa foi ótima! Curti, literalmente, como o último Baile da Renascença da minha vida. Afinal o próximo ano era pré-universitário e o colégio adotava outros modelos de ensino que não permitiam esse tipo de regalias, sua vida se resumiria aos estudos.
Porém, estranhei o comportamento das pessoas mais importantes, pra mim, naquela festa: Giovanna fez questão de se manter distante de mim enquanto Emmanuel parecia alheio àquela animação toda, nem mesmo quando tocou ‘All my loving’ eu o vi esboçar um sorriso.
Uma situação estranhamente particular: fui ao ouvido do Sartori e o convidei para que dormisse na minha casa naquela noite, eu tinha até terceira intenções e ele sabia disso, mas ele rejeitou, o que não era típico dele e então deixei pra lá. Saí ainda acompanhada dele, com o mesmo glamour do tapete vermelho e com o mesmo Alfa Romeo, para que ele fosse me deixar em casa, mas não subisse para o quarto comigo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Presentazione.


Florença chega a ser uma cidade um pouco absurda com toda sua exuberância e excesso de coisas para ver.
No meu caso, era mais que isso. Minha vida se resumia àquela cidade. Não que eu nunca tivesse saído de lá, mas era onde eu me sentia verdadeiramente feliz, com minhas amigas, meu pai, com as ruelas antigas. É claro que tinha o lado - um pouco - ruim da história: sempre tinha alguém falando dos Cobalchinni. O que não me afetaria, se eu não fosse Elisa Cobalchinni.
Em todos os lugares, todos me conheciam. E eu sempre gostei disso, porque nunca estava sozinha em lugar algum, sempre tinha alguém para me acompanhar, e todos peguntavam de Emmanuel.
Emmanuel Sartori era meu - perfeito - namorado. Era carinhoso sem ser meloso. Se dava muito bem com meu pai - os dois ficavam jogando pôquer até altas horas, enquanto eu dormia. Tudo que eu esperava dele, ele era. Eu o amava muito - até demais.
Minha família é uma bagunça. Só tenho um irmão, Otto. Ele tem uma banda, que graças a um amigo da família, está no topo das paradas da Itália, ou seja, ele foi pra Roma. E desde então eu moro com meu pai, Vicent, que é um deputado muito admirado aqui - e que é o solteirão mais cobiçado de toda Florença.
Minha mãe foi embora há oito anos, e agradeço muito a Deus por isso. Ela sozinha já é um problema, e gosta de arranjar mais alguns.
Foi uma época complicada para todos nós. Papai tinha descoberto a traição mútua de sua mulher e seu melhor amigo. Tudo aconteceu na mesma hora: eles se separaram, ela expôs toda a nossa intimidade, partiu, meu irmão começou com a banda e aproveitou o clima pesado para sair de casa. Sobramos eu e meu pai. Aqui. Para aguentar todo o tipo de comentário.
Sempre fui mais ligada ao meu pai. Quando eu era menor e mamãe tinha suas crises, ele sempre ficava comigo. Ficamos muito, muito próximos, então eu não vejo problema algum em morar com ele. Ele é muito compreensivo e nos damos superbem.
Enfim, estamos apresentados. As férias estão acabando, as aulas estão voltando. Isso pede uma festa.