
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Sesso.

quarta-feira, 15 de julho de 2009
Andare.

Quando Emmanuel foi embora, os pensamentos me vieram
Desisti de tentar adivinhar algum motivo e, antes que Giovanna me aconselhasse dizendo para que eu conversasse com ele, me convenci de que não faria isso. Tinha plena certeza de que ele me providenciaria a melhor noite, sem pressão alguma. E ele proporcionou da melhor maneira possível, é o que vou lhes contar agora.
Era sexta-feira e meu pai já devia ter chegado do congresso de Roma para o meu aniversário de 17 anos, a idade do sucesso! Mas tinha certeza que ele viria e então levantei para lavar o rosto e descer e me deliciar com o saboroso café da manhã de aniversário que Dorotta me fazia, ela dizia que era o único presente que poderia me dar.
Fui do banheiro ao quarto para trocar de roupa e notei um papel estranho entre os livros da minha estante. Abri e sorri instantaneamente ao notar a atenção imensa que meu pai tinha comigo, ele havia deixado ali a minha passagem para Roma para que eu fosse lhe encontrar lá e eu só tinha duas horas para o café da manhã, as malas, o check-in e o embarque! Corri.
Dorotta reclamou por eu ter apenas engolido sem ao menos saborear o doce libertino que me fizera. Nem a dei ouvidos, corri para o quarto e vi na porta do meu guarda-roupa um bilhete que me tirava a árdua missão de preparar as malas. Então vesti o casaco e fui para o aeroporto.
Na fila do check-in, tentei ligar para Emmanuel, mas o seu celular estava fora de área. Então não lhe avisei que estava embarcando em um avião para Roma por presente do meu pai. Durante o vôo, mal deu tempo de pensar em como eu iria lhe agradecer.
Na saída do aeroporto, um táxi já me esperava e me levou a uma loja da Dolce & Gabanna, onde havia um vale-presente em nome de Vicent Cobalchinni e um outro bilhete com a sua assinatura me convidando para almoçar no Mamma Roma. Comprei tudo que era necessário para a minha estada em Roma e saí no mesmo táxi.
Almoçamos juntos numa sessão de nostalgia onde acabamos nos lembrando de mamãe e de Otto, os tempos bons e os ruins também. E vi naquele momento o quanto me passava despercebido o amor que eu tinha pelo meu pai. Ainda com ele, fiz um city tour, onde não vi nada que já não tivesse visto, mas eu fingia que aquilo tudo era novo pois era tudo o que ele queria.
Então anoiteceu e papai me deixou no Hotel Waldorf, se despediu e foi para o hotel onde estavam os outros políticos que participavam do congresso. Entrei e me informaram na recepção haver duas reservas para Elisa Cobalchinni, umas das suítes superiores e uma outra, que disseram ser o quarto mais reservado de todo o hotel e ainda, que neste quarto haviam algumas coisas me esperando. Peguei as duas chaves e pensei nas possibilidades de outra surpresa do meu pai no quarto mais reservado.
Entrei, mas não parecia uma surpresa de pai. O clima me fez lembrar de Emmanuel, era bem propício para que ele estivesse ali, mas não poderia ser, amanhã seria o jogo tão esperado.
Na cama, flores e um baby-doll sugestivo. A música! Era ele! Não havia outra pessoa no mundo que colocaria como fundo “Something” para um momento como aquele. E como se ele estivesse me assistindo, entrou no quarto. Aquele rosto lindo e um hobby escuro. Sentou-se na cama e com uma voz grave disse:
- Andare, vista-se.
domingo, 5 de julho de 2009
Soddisfazione.

sexta-feira, 3 de julho de 2009
Gioia.

Falando nele, apesar do baile não ser à fantasia, todos chegavam a compará-lo com Davi de Michelangelo devido à sua riqueza, em todos os sentidos, de detalhes. Ele tinha uma beleza italiana típica e refinada, pele levemente bronzeada e cabelo acobreado, estaqueado e com um estilo perfeitamente despenteado. Alto, de músculos bem definidos e físico atlético. Feições ousadas, com olhos claros e amendoados, nariz bem desenhado, fenda no queixo e sobrancelhas arqueadas. Também era atleta, pintava, jogava xadrez, tocava piano, adorava historia, enfim!
Chegamos juntos e descemos de um Alfa Romeo conversível, possante e vermelho. A entrada tinha um tapete vermelho que contrastava com meu vestido branco brilhante. Não fazia contraste com o smoking dele, mas sim com o sorriso. Eu a La Versace e ele, Armani.
De braços dados, entramos no ginásio e, como um imã, atraímos os olhares e buchichos invejosos de todos. Fomos recepcionados por Giovanna que não era a amiga-modelo para uma miss popularidade, mas ela era a minha, a melhor de todas. E cumpria esse compromisso com louvor. O seu único defeito era a pontinha de inveja que ela tinha, não de só de mim, mas de todos os que eram influentes naquele colégio. Ela tinha tudo para também fazer parte da elite do Da Vinci, mas nunca se deu muito bem com os rapazes também populares do colégio, o que era um pré-requisito básico.
A festa foi ótima! Curti, literalmente, como o último Baile da Renascença da minha vida. Afinal o próximo ano era pré-universitário e o colégio adotava outros modelos de ensino que não permitiam esse tipo de regalias, sua vida se resumiria aos estudos.
Porém, estranhei o comportamento das pessoas mais importantes, pra mim, naquela festa: Giovanna fez questão de se manter distante de mim enquanto Emmanuel parecia alheio àquela animação toda, nem mesmo quando tocou ‘All my loving’ eu o vi esboçar um sorriso.
Uma situação estranhamente particular: fui ao ouvido do Sartori e o convidei para que dormisse na minha casa naquela noite, eu tinha até terceira intenções e ele sabia disso, mas ele rejeitou, o que não era típico dele e então deixei pra lá. Saí ainda acompanhada dele, com o mesmo glamour do tapete vermelho e com o mesmo Alfa Romeo, para que ele fosse me deixar em casa, mas não subisse para o quarto comigo.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Presentazione.

No meu caso, era mais que isso. Minha vida se resumia àquela cidade. Não que eu nunca tivesse saído de lá, mas era onde eu me sentia verdadeiramente feliz, com minhas amigas, meu pai, com as ruelas antigas. É claro que tinha o lado - um pouco - ruim da história: sempre tinha alguém falando dos Cobalchinni. O que não me afetaria, se eu não fosse Elisa Cobalchinni.
Em todos os lugares, todos me conheciam. E eu sempre gostei disso, porque nunca estava sozinha em lugar algum, sempre tinha alguém para me acompanhar, e todos peguntavam de Emmanuel.
Emmanuel Sartori era meu - perfeito - namorado. Era carinhoso sem ser meloso. Se dava muito bem com meu pai - os dois ficavam jogando pôquer até altas horas, enquanto eu dormia. Tudo que eu esperava dele, ele era. Eu o amava muito - até demais.
Minha família é uma bagunça. Só tenho um irmão, Otto. Ele tem uma banda, que graças a um amigo da família, está no topo das paradas da Itália, ou seja, ele foi pra Roma. E desde então eu moro com meu pai, Vicent, que é um deputado muito admirado aqui - e que é o solteirão mais cobiçado de toda Florença.
Minha mãe foi embora há oito anos, e agradeço muito a Deus por isso. Ela sozinha já é um problema, e gosta de arranjar mais alguns.
Foi uma época complicada para todos nós. Papai tinha descoberto a traição mútua de sua mulher e seu melhor amigo. Tudo aconteceu na mesma hora: eles se separaram, ela expôs toda a nossa intimidade, partiu, meu irmão começou com a banda e aproveitou o clima pesado para sair de casa. Sobramos eu e meu pai. Aqui. Para aguentar todo o tipo de comentário.
Sempre fui mais ligada ao meu pai. Quando eu era menor e mamãe tinha suas crises, ele sempre ficava comigo. Ficamos muito, muito próximos, então eu não vejo problema algum em morar com ele. Ele é muito compreensivo e nos damos superbem.
Enfim, estamos apresentados. As férias estão acabando, as aulas estão voltando. Isso pede uma festa.