quarta-feira, 15 de julho de 2009

Andare.

Quando Emmanuel foi embora, os pensamentos me vieram em torrentes. Eles foram desde os mais fúteis aos mais banais. O que me parecia mais aceitável era a idéia de que, como eu sabia do respeito dele quanto a minha virgindade, ele tinha a vontade de fazer algo especial para que eu me lembrasse para sempre da primeira noite da minha vida.

Desisti de tentar adivinhar algum motivo e, antes que Giovanna me aconselhasse dizendo para que eu conversasse com ele, me convenci de que não faria isso. Tinha plena certeza de que ele me providenciaria a melhor noite, sem pressão alguma. E ele proporcionou da melhor maneira possível, é o que vou lhes contar agora.


Era sexta-feira e meu pai já devia ter chegado do congresso de Roma para o meu aniversário de 17 anos, a idade do sucesso! Mas tinha certeza que ele viria e então levantei para lavar o rosto e descer e me deliciar com o saboroso café da manhã de aniversário que Dorotta me fazia, ela dizia que era o único presente que poderia me dar.

Fui do banheiro ao quarto para trocar de roupa e notei um papel estranho entre os livros da minha estante. Abri e sorri instantaneamente ao notar a atenção imensa que meu pai tinha comigo, ele havia deixado ali a minha passagem para Roma para que eu fosse lhe encontrar lá e eu só tinha duas horas para o café da manhã, as malas, o check-in e o embarque! Corri.


Dorotta reclamou por eu ter apenas engolido sem ao menos saborear o doce libertino que me fizera. Nem a dei ouvidos, corri para o quarto e vi na porta do meu guarda-roupa um bilhete que me tirava a árdua missão de preparar as malas. Então vesti o casaco e fui para o aeroporto.


Na fila do check-in, tentei ligar para Emmanuel, mas o seu celular estava fora de área. Então não lhe avisei que estava embarcando em um avião para Roma por presente do meu pai. Durante o vôo, mal deu tempo de pensar em como eu iria lhe agradecer.


Na saída do aeroporto, um táxi já me esperava e me levou a uma loja da Dolce & Gabanna, onde havia um vale-presente em nome de Vicent Cobalchinni e um outro bilhete com a sua assinatura me convidando para almoçar no Mamma Roma. Comprei tudo que era necessário para a minha estada em Roma e saí no mesmo táxi.

Almoçamos juntos numa sessão de nostalgia onde acabamos nos lembrando de mamãe e de Otto, os tempos bons e os ruins também. E vi naquele momento o quanto me passava despercebido o amor que eu tinha pelo meu pai. Ainda com ele, fiz um city tour, onde não vi nada que já não tivesse visto, mas eu fingia que aquilo tudo era novo pois era tudo o que ele queria.


Então anoiteceu e papai me deixou no Hotel Waldorf, se despediu e foi para o hotel onde estavam os outros políticos que participavam do congresso. Entrei e me informaram na recepção haver duas reservas para Elisa Cobalchinni, umas das suítes superiores e uma outra, que disseram ser o quarto mais reservado de todo o hotel e ainda, que neste quarto haviam algumas coisas me esperando. Peguei as duas chaves e pensei nas possibilidades de outra surpresa do meu pai no quarto mais reservado.


Entrei, mas não parecia uma surpresa de pai. O clima me fez lembrar de Emmanuel, era bem propício para que ele estivesse ali, mas não poderia ser, amanhã seria o jogo tão esperado.


Na cama, flores e um baby-doll sugestivo. A música! Era ele! Não havia outra pessoa no mundo que colocaria como fundo “Something” para um momento como aquele. E como se ele estivesse me assistindo, entrou no quarto. Aquele rosto lindo e um hobby escuro. Sentou-se na cama e com uma voz grave disse:


- Andare, vista-se.

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